quinta-feira, 26 de junho de 2008

Big Bang vai se aposentar?

[Daniel Lüdtke]

Certeza. Dúvida. Garantia. Probabilidade. Muitas verdades categóricas apresentadas pela mídia mostram-se, quando analisadas a fundo, como pressupostos ainda não confirmados ou, na pior das hipóteses, presunçosas arrogâncias.

A revista Veja desta semana (25 de junho de 2008) esbanjou convicções típicas da crença “ciência explica tudo”. A reportagem especial sobre o Big Bang trazia na capa a certeza: “O Nascimento do Universo: A ciência está perto de descobrir a origem de tudo”. Obviamente o “está perto” indica um estudo ainda em processo – diferentemente do que transmitiu a manchete da edição de 29 de abril de 1992: “A ciência desvenda o mistério da explosão que criou o universo”.

Acontece que o “estudo ainda em processo”, apesar de inconcluso, é apresentado, na maioria das vezes, como verdade indiscutível. Nesta edição de Veja, entretanto, interrogações, lacunas e possibilidades de erros são apresentadas claramente nas páginas da reportagem especial.

A fragilidade da teoria do Big Bang é exposta na expectativa do resultado do teste do maior acelerador de partículas do mundo, que irá reproduzir os fenômenos pós-Big Bang. Se não funcionar, a teoria pode se aposentar.

E se o experimento provar a possibilidade do Big Bang?

Resposta da página 94: “(...) os físicos poderão dormir tranqüilos. Ficarão de pé suas teorias sobre o Big Bang e como o universo nasceu e se formou do modo como conhecemos”.

E se o experimento não provar a possibilidade do Big Bang?

Resposta da página 91: “Os físicos terão de rever sua explicação para o universo como o conhecemos. (...) Teremos de encontrar outras explicações para o início de tudo”.

“Os físicos teórico voltarão para seus cálculos em busca de outra teoria”, complementa a página 94.

Apesar da possibilidade de aposentadoria por invalidez, a teoria do Big Bang continua sendo pintada na mídia com a robustez da meia-idade.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Estudo relaciona descrença religiosa a QI alto

[BBC]

Um artigo de pesquisadores europeus, que será publicado na revista acadêmica Intelligence em setembro, defende a tese de que pessoas com QI (Quociente de Inteligência) mais alto são menos propensas a ter crenças religiosas.

O texto é assinado por Richard Lynn, professor de psicologia da Universidade do Ulster, na Irlanda do Norte, em parceria com Helmuth Nyborg, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, e John Harvey, sem afiliação universitária.

A conclusão é baseada na compilação de pesquisas anteriores que mostram uma relação entre QIs altos e baixa religiosidade e em dois estudos originais.

Em um desses estudos, os autores compararam a média de QI com religiosidade entre países.

No outro estudo, eles cruzaram os resultados de jovens americanos em um teste alternativo de habilidade intelectual (fator g) com o grau de religiosidade deles.

Na pesquisa entre países, os pesquisadores analisaram média de QI com o de religiosidade em 137 países. Os dados foram coletados em levantamentos anteriores.

Os autores concluíram que em apenas 23 dos 137 países a porcentagem da população que não acredita em Deus passa dos 20% e que esses países são, na maioria, os que apresentam índices de QI altos.

Exceções

Os pesquisadores dividiram os países em dois grupos.

No primeiro grupo, foram colocados os países cujas médias de QI são mais baixos, variando de 64 a 86 pontos. Nesse grupo, uma média de apenas 1,95% da população não acredita em Deus.

No segundo grupo, onde a média de QI era de 87 a 108, uma média de 16,99% da população não acredita em Deus.

Os autores argumentam que há algumas exceções para a conclusão de que QI alto equivale a altas taxas de ateísmo.

Eles citam, por exemplo, os casos de Cuba (QI de 85 e cerca de 40% de descrentes) e Vietnã (QI de 94 e taxa de ateísmo de 81%), onde há uma porcentagem de pessoas que não acreditam em Deus maior do que a de países com QI médio semelhante.

Uma possível explicação estaria, segundo os autores, no fato de que "esses países são comunistas nos quais houve uma forte propaganda ateísta contra a crença religiosa".

Outra exceção seriam os Estados Unidos, onde a média de QI é considerada alta (98), mas apenas 10,5% dizem não acreditar em Deus, uma taxa bem mais baixa do que a registrada no noroeste e na região central da Europa - onde há altos índices médios de QI e de ateísmo.

LEIA MAIS: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/06/080612_inteligenciareligiao_mp.shtml